COP 30 na Amazônia: o que esperar da conferência climática mais importante do mundo

COP 30 na Amazônia: o que esperar da conferência climática mais importante do mundo

Em 2025, o Brasil vai sediar a 30ª Conferência das Partes (COP) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), o principal fórum internacional para discutir e negociar ações para combater o aquecimento global e seus efeitos. A COP 30 será realizada na cidade de Belém, no Pará, a primeira capital da Amazônia a receber o evento, que reúne líderes, autoridades, cientistas, ativistas e representantes da sociedade civil de todo o mundo.

A escolha de Belém como sede da COP 30 foi anunciada pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, em dezembro de 2023, durante a COP 28, em Dubai, nos Emirados Árabes. Lula afirmou que vai pedir à ONU que a Amazônia seja a sede do evento, e destacou que o Amazonas e o Pará estão habilitados a receber conferências internacionais.

A decisão de realizar a COP 30 na Amazônia tem um significado simbólico e estratégico, pois coloca em evidência a importância da maior floresta tropical do mundo para a regulação do clima global e a conservação da biodiversidade. A Amazônia abriga cerca de 10% de todas as espécies de plantas e animais do planeta, além de povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e outras comunidades tradicionais que dependem dos recursos naturais para sua sobrevivência e cultura.

No entanto, a Amazônia também enfrenta sérias ameaças, como o desmatamento, as queimadas, a mineração, a exploração madeireira, a grilagem de terras, a violência, a pobreza e a falta de infraestrutura. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), entre agosto de 2022 e julho de 2023, a taxa de desmatamento na Amazônia foi de 13.235 km², um aumento de 22% em relação ao período anterior. Esse foi o maior índice desde 2008, quando foram registrados 12.911 km² de desmatamento.

O desmatamento na Amazônia contribui para o aumento das emissões de gases de efeito estufa, que causam o aquecimento global, e também afeta o ciclo hidrológico, que regula as chuvas na região e em outras partes do país. Além disso, o desmatamento coloca em risco a riqueza e a diversidade da flora e da fauna, bem como os direitos e o modo de vida dos povos da floresta.

Por isso, a COP 30 na Amazônia será uma oportunidade única para o Brasil e o mundo mostrarem seu compromisso com a proteção da floresta e o desenvolvimento sustentável da região. A conferência também será um momento de avaliar os avanços e os desafios desde o Acordo de Paris, assinado na COP 21, em 2015, que estabeleceu o objetivo de limitar o aumento da temperatura média global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais até o final deste século.

Para isso, os países signatários do acordo devem apresentar suas metas nacionais de redução de emissões, chamadas de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), e seus planos de ação para alcançá-las. O Brasil se comprometeu a reduzir suas emissões em 37% até 2025 e em 43% até 2030, em relação aos níveis de 2005. Para cumprir essa meta, o país se propôs a zerar o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030, restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas, aumentar a participação de energias renováveis na matriz energética, entre outras medidas.

No entanto, o Brasil vem enfrentando dificuldades para cumprir seus compromissos, devido à falta de recursos, de políticas públicas, de fiscalização, de governança e de participação social. Além disso, o país vem sofrendo críticas e pressões internacionais por sua postura diante da crise climática e ambiental, especialmente em relação à Amazônia.

Por isso, a COP 30 na Amazônia será um momento decisivo para o Brasil recuperar sua credibilidade e liderança no cenário internacional, e também para mobilizar a sociedade brasileira em torno da agenda climática. A conferência será uma oportunidade para o país demonstrar que é capaz de conciliar o desenvolvimento econômico e social com a conservação da natureza, e que tem uma visão estratégica e de longo prazo para o futuro da Amazônia e do planeta.

Para que a COP 30 na Amazônia seja um sucesso, é preciso que o governo brasileiro, em parceria com os governos estaduais e municipais, o setor privado, a academia, as organizações não governamentais e os movimentos sociais, se prepare adequadamente para receber o evento, que deve reunir cerca de 80 mil pessoas por dia, com cerca de 140 mil inscritos.

Isso envolve investir em infraestrutura, transporte, hotelaria, segurança, comunicação, saúde, educação, cultura, turismo, entre outros aspectos, para garantir que a cidade de Belém possa acolher os participantes da conferência com qualidade e conforto, e também deixar um legado positivo para a população local.

Além disso, é preciso que o governo brasileiro, em diálogo com os demais países, apresente uma proposta ambiciosa e coerente para a COP 30, que reflita os interesses e as responsabilidades do Brasil como um dos maiores emissores de gases de efeito estufa e como um dos países mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas.

A proposta brasileira deve contemplar não apenas as metas de redução de emissões, mas também as medidas de adaptação, financiamento, transferência de tecnologia, capacitação, educação, pesquisa, inovação, cooperação e participação social, que são fundamentais para a implementação do Acordo de Paris e para a transição para uma economia de baixo carbono e resiliente ao clima.

A COP 30 na Amazônia será, portanto, um desafio e uma oportunidade para o Brasil e o mundo. Um desafio, porque exigirá esforço, compromisso, liderança, diálogo e cooperação de todos os atores envolvidos, para enfrentar a emergência climática e ambiental que ameaça a vida na Terra. Uma oportunidade, porque permitirá mostrar ao mundo a riqueza, a diversidade, a beleza e a importância da Amazônia, e também as soluções, as iniciativas, as experiências e as potencialidades que existem na região, para promover o desenvolvimento sustentável e a justiça social.

A COP 30 na Amazônia será, enfim, um momento histórico e transformador, que poderá definir o destino da humanidade neste século. Por isso, é preciso que todos nós, brasileiros e cidadãos do mundo, estejamos atentos, engajados e mobilizados para que a conferência seja um sucesso, e que possamos construir juntos um futuro melhor para a Amazônia, para o Brasil e para o planeta.

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